Entrevista a José Ignacio Orbe, Presidente do CLuster de Inovaçao de Embalagem

José Inácio Orbe ocupa, desde julho de 2017, a presidência do Cluster de Inovação de Embalagem. Esta associação empresarial desempenha, desde 2007, o papel de catalisador que favorece as oportunidades de negócio no setor, abordando estratégias de cooperação que deem origem à criação de ideias e de produtos inovadores e competitivos

- O que é o Cluster de inovação em Embalagem?

Somos um grupo de empresas de uma cadeia de valor de natureza transversal que se associam para gerarem valor e serem mais competitivas por meio de parcerias.

- Quais as empresas que o integram?

Acima de tudo, empresas da Comunidade Autónoma Valenciana, que pertencem à cadeia de valor da embalagem. Mas, como referi anteriormente, trata-se de um agrupamento de natureza transversal.

Temos fabricantes de embalagens, tintas, colas, maquinaria, matérias-primas, recicladores, etc.

- Dado que congregam diversos perfis muito diferentes, como é que o cluster se organiza?

Efetivamente, somos de natureza eminentemente empresarial, mas dentro desse conglomerado há também um outro tipo de entidades.

Temos 4 tipos de membros:

  • Membro fabricante, que abarca todas as empresas que fabricam produtos para a cadeia de valor das embalagens, tanto primárias como secundárias
  • Membro simpatizante, grupo em que encontramos empresas prestadoras de serviços que têm a ver estrategicamente com a atividade de inovação
  • Membro protetor, que é o ITENE [Instituto Tecnológico da Embalagem, Transporte e Logística]
  • Membro utilizador final, ou seja, empresas que consomem as nossas embalagens primárias e secundárias

- Como se articula a atividade do cluster para conseguir que todos estes membros se vejam representados?

Realizamos ações de natureza geral e comuns a todos os membros, mas também existem grupos de trabalho mais específicos para um perfil de membros concreto, e este é um aspeto que vamos reforçar. Para elaborar o Plano Estratégico, que será o nosso roteiro e que será apresentado em fevereiro de 2019 no Ministério, estamos a prever realizar workshops com algumas das empresas para conhecermos os seus interesses e necessidades e podermos fazer atividades que lhes digam respeito.

Além disso, organizamos pequenos-almoços e atividades de networking. São ações que interessam a todos os membros, porque quanto mais variados forem os perfis, melhor.

- O setor da embalagem tem o reconhecimento devido por parte da Administração?

O cluster conseguiu que fôssemos reconhecidos como setor, pois até agora estávamos em materiais, com toda a amplitude que o termo comporta. Neste sentido, também conseguimos a criação de um plano estratégico de desenvolvimento industrial para o nosso setor.

Além disso, estamos na CEV [Confederação Empresarial Valenciana], onde também presidimos a uma comissão de logística. E trabalhamos em estreita colaboração com a secretaria regional, que tem muito interesse nos nossos prémios e no vínculo de jovens e de talento às empresas.

- Colaboram com entidades afins de outras comunidades autónomas?

Prestamos particular atenção à Catalunha, onde há muita cultura de clusters. No setor da embalagem, já funcionam como cluster há 25 anos, e, em 2012, articularam-se no Packaging Cluster. Assinámos com eles um acordo de parceria para trabalharmos em conjunto em diversos aspetos e atividades. Por exemplo, participam nos nossos prémios. Também pode haver parcerias entre as empresas de ambas as entidades.

Além disso, pertencemos à PACKNET, a Plataforma Tecnológica Espanhola de Embalagem, o que nos permite ter acesso a muitos projetos de parceria.

- Qual o valor que o cluster proporciona aos seus membros?

Um dos nossos objetivos é representarmos os membros do cluster junto da Administração. Além disso, fomentamos a incorporação de talentos nas empresas, a transferência de conhecimento e de tecnologia dos centros de inovação para as empresas, a melhoria qualitativa da inovação dos nossos membros. Também efetuamos vigilância tecnológica, prestamos formação, damos-lhe visibilidade e articulamos a sua comunicação.

Mas, acima de tudo, queremos ser uma referência estratégica em projetos de inovação para os nossos membros. Procuramos que estabeleçam parcerias entre eles, que lhes permitam serem mais competitivos.

- Diga-nos mais alguma coisa sobre estes projetos surgidos da colaboração de diversas empresas do cluster

O nosso papel é identificá-los, dinamizá-los e atrair financiamento. O último em que estamos a trabalhar tem a ver com a implantação de tecnologia de visão artificial para o controlo de qualidade numa linha de produção de um fabricante de embalagens.

Fruto da parceria, surgiu igualmente o Projeto Destinta, que valida o uso de plástico destintado como matéria-prima análoga em qualidade ao produzido pela indústria petroquímica.